Gostar de ler e escrever virou redundância e esses hábitos tão enraizados, foram acentuando-se ao longo do tempo. Venho tendo cada vez mais a necessidade de escrever e dividir com as palavras os meus sentimentos, anseios, medos e controvérsias; sim, sou uma pessoa extremamente controversa, inconstante, mutável. Sou o mais explicito exemplar da raça Geminiana de ser.
Penso tanto, mudo tanto, resolvo tantas coisas ao mesmo tempo, que às vezes sinto-me cansada com tudo o que tenho ou deveria fazer. Para começar; sou casada com um homem tradicionalmente ariano. Temos dois filhos: Maria Clara de 11 anos e Guilherme de 8 anos. Nessas idades, eles têm sede de conhecimento, de lazer, atenção, McDonald´s e TV. Não preciso escrever o quanto essas três criaturas tão essenciais, me exigem tanto.
Trabalho muito. Não saio de casa cedo, confesso. Porém sempre volto para casa muito tarde, viajo muito, me estresso demais e tento não comer demais (sobre isso, conto em outro post).
Estou com uma necessidade insana de compartilhar essa fase da minha vida, que considero a mais transitória. É muita mudança ao mesmo tempo, coisas a fazer, a decidir, a agregar (juro que procurei outra palavra, mas não achei... rs).
Estou me sentido confusa nesse texto e acredito estar confundindo quem me conhece. Eu sei; nunca fui uma mulher confusa ou indecisa. Não se trata disso. Trata-se de uma forma desordenada de começar a contar um pouco do caos psicológico que estou atravessando, porque por mais que eu seja “múltipla”, às vezes me dou ao direito de ficar carente e desse direito imposto por mim, decretei que esse era o melhor cenário para o nascimento do meu blog.
Vamos do começo? Será que consigo? Acho que sim.
Como vocês sabem (e quem não sabia, descobriu na capa do blog), trabalho com produção de TV há mais de 16 anos e sempre adorei o que faço. Tenho experiência nos mais variados segmentos e como isso aqui não é um currículo em busca de emprego, vou parar por aqui nos meus auto-elogios (tem hífen?). Confesso que nunca tive uma veia empreendedora, nunca fui ambiciosa e meus planos de crescimento profissional jamais foram extensos. Tenho o péssimo (ou não?) hábito de me apegar aos lugares em que trabalho e principalmente as pessoas. Sou extremamente dedicada e defendo as empresas como se minhas fossem.
Analisando as últimas frases, o que fica fácil de deduzir? Ela é uma ótima funcionária. Realmente sou. Na verdade fui. Pois por mais inóspito que isso pudesse me parecer a alguns anos atrás, decidi sair do meu comodismo de empregada, para a condição de empreendedora. Isso mesmo, resolvi ser dona do meu próprio nariz, tomar as decisões que acho justas e seguir os caminhos em que acredito.
Claro que alguns amigos de longa data vão achar loucura, pois a estabilidade e o respeito profissional adquiridos ao longo dos anos, me deixam em uma posição confortável no mercado de trabalho, mercado esse tão concorrido e do tamanho de uma metade de ervilha. Essa mesma estabilidade vinha me sufoca e me deixando infeliz, a ponto de me fazer refletir sobre melhores opções de empreendimentos, como a abertura de uma franquia de chocolates (é claro que essa opção foi descartada, depois dos absurdos quilos jogados fora ao longo do último ano...rs).
Cansei, essa é a verdade. Cansei de discordar de posturas e fingir que não me incomodavam. Cansei de ser somente a executora. Percebi que podia mais, que queria mais. E nesse momento de insatisfação com o “cômodo”, um grande amigo me veio com uma proposta indecorosa: ser sócia dele na sua já estabelecida produtora paulista. E eu, num surto impulsivo de liberdade, decidi aceitar e me atirar de cabeça, bolso e neurônios, nessa nova jornada profissional.
Tenho certeza (e experiência) de que não vai ser nada fácil ou cor de rosa. Vou trabalhar mais, me estressar mais e em um dado momento me perguntar aos gritos: ”onde você estava com a cabeça ao aceitar a mão estendida do Dario???” e depois de uma curtíssima reflexão, concluir: “tudo sempre se resolve”.
Vou ser dona do meu nariz!!!!
Estou sentindo a mesma sensação de liberdade que desfrutei ao dirigir sozinha pela 1ª vez, na hora do rush, de Botafogo a Barra, há uns 17 anos atrás (não façam as contas, por favor! rs). Cheguei em casa com uma puta enxaqueca. Aquele foi um dia determinante na minha vida, assim como esse momento. Ganhei asas.
